sábado, 26 de junho de 2010

«Rio Bravo», na RTP2

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Ver um bom filme é como rever um velho amigo.

Frase para o Fim de Semana

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"Não podemos esquecer que os professores de todo o mundo estão a adoecer colectivamente.
Os professores são cozinheiros do conhecimento, mas preparam o alimento para uma plateia sem apetite.
Qualquer mãe fica um pouco paranóica quando os seus filhos não se alimentam.
Como exigir saúde dos professores, se os seus alunos têm anorexia intelectual? "

Augusto Cury

Para aqueles que ainda acreditam na Bondade humana...

galveias
O Padre Folgado, pároco de Galveias, de 91 anos, foi assaltado na Casa Paroquial daquela vila.

O pároco, que ali presta serviço há bastantes anos, é uma pessoa por quem todos os Galveenses nutrem um carinho especial.
 
Hoje, além de ser amarrado e despojado da «fortuna» de 400 euros (!), foi também agredido por um homem que penetrou na casa paroquial.

A notícia está aqui, no :

Padre agredido em assalto à casa paroquial

O pároco de Galveias, no concelho de Ponte de Sôr, Portalegre, foi hoje, sexta-feira, agredido durante um assalto à casa paroquial daquela aldeia alentejana, disse à Agência Lusa fonte da GNR.

De acordo com o capitão Luís Fernandes, o sacerdote, de 91 anos, foi agredido por um homem que entrou na casa paroquial durante a madrugada, tendo conseguido furtar cerca de "400 euros".

"O padre, que vive na casa paroquial, ouviu durante a madrugada algum barulho. Foi ver o que se passava e deparou-se com um indivíduo que o agrediu e que o amarrou com fios de telefone a uma cadeira", relatou o oficial da GNR.

"O pároco apresenta várias escoriações", sublinhou.

As autoridades foram alertadas para a ocorrência logo após o pároco ter conseguido libertar-se.

Segundo o capitão Luís Fernandes, o padre de Galveias já foi alvo de outros assaltos, mas "nunca" tinha sido agredido.

A investigação do caso está a cargo da Polícia Judiciária (PJ).



sexta-feira, 25 de junho de 2010

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Que belo sentido de «timing»!

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Este Ministério da Educação não dorme em serviço!

Esta Ministra já perdeu, há muito tempo, o seu estado de graça. Já é tempo de ela falar para os professores como gente e não como se fossemos garotos da primária!

Mas o sentido de «timing» deste Ministério foi PERFEITO! Que melhor altura para mandarem cá para fora os mega-agrupamentos e o encerramento das escolas com menos de 21 alunos?

Final do ano lectivo, épocas de exames, «o pessoal anda todo a dormir» e «toma lá que já almoçaste!»

Ah querem mais? Aqui têm, fresquinhos:

DR2-2010

terça-feira, 22 de junho de 2010

Ena, o que aí vem...

medo-2«Acompanho com curiosidade e alguma gozo o frenesim que tomou conta dos directores ameaçados de extinção dos cargos em consequência da fusão de agrupamentos escolares.

Sobra-lhes agora o nervosismo e a indignação que lhes faltou, em 2008 e 2009, quando os professores foram alvo do mais violento ataque de sempre à profissão docente.

Não me revejo no modelo de gestão escolar criado pelo decreto-lei 75/2008. Creio que a escola é uma organização que só tem a perder com um modelo de gestão profissionalizado.

A criação de mega-agrupamentos pode até trazer algumas vantagens pedagógicas para além da salutar e necessária redução na despesa pública. Entre as vantagens, destaco:

Um maior distanciamento físico e geográfico entre o director e os docentes que leccionam fora da escola-sede pode ampliar os espaços de liberdade pedagógica e reduzir o controlismo estéril e a perda de tempo dos processo de prestações de contas sob a forma de preenchimento de grelhas, actas e relatórios. Para a maioria dos professores o afastamento do director será uma benção.

A criação dos mega-agrupamentos, integrando estabelecimentos de todos os níveis de ensino, tornará inviáveis os chamados projecto educativos, projectos curriculares de escola e outra tralha curricular semelhante. A formatação da prática pedagógica fica mais difícil e os professores ganham em liberdade de actuação.

Sou a favor ao regresso a um modelo de gestão não profissionalizado e inteiramente democrático com os jardins de infância e escolas do 1º CEB a criarem agrupamentos horizontais com não mais de 1000 alunos por agrupamento gerido por um delegado escolar eleito por docentes, funcionários e pais por um período de 3 anos, renovável até ao limite de 9 anos.

Sou a favor da eleição de conselhos directivos, constituídos por 3 docentes, eleitos por docentes, funcionários e pais, sem direito a suplemento remuneratório, nas escolas dos 2º e 3º CEB e nas escolas secundárias com mais de 800 alunos e conselhos directivos com dois docentes nas escolas com menos de 800 alunos.

Estou, portanto, curioso, esperançoso e optimista com as consequências provocadas pela criação dos mega-agrupamentos. Ao menos, o processo veio pôr fim à paz podre, ao controlismo e à formatação pedagógica vigente. E abre-se uma porta por onde pode entrar ar fresco.»

Ramiro Marques, ProfBlog

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Finalmente!!! Festival do Crato, 2010

Mão amiga (obrigado, Filipe!) fez chegar ao poleiro do Papagaio o programa para o Festival do Crato 2010, que decorrerá na vila do Crato de 25 a 28 de Agosto.

O programa é espectacular e tem como principal destaque, nem mais, nem menos, do que os UB40!

A apresentação foi feita em vídeo e podem vê-lo aqui, no Papagaio.

Como diz o Filipe, é ver as diferenças!


domingo, 20 de junho de 2010

Sobre exageros

imagem daqui

Os Portugueses são um povo de exageros. Perdão, rectifico: Somos um povo de exageros.

Neste momento, 99,9% dos portugueses já saberão que José Saramago morreu (neste momento, os 0,1% restantes acabaram de ser informados). A avalancha noticiosa fque presenciamos foi uma constante, desde a transmissão em directo do seu funeral, as declarações de todos os que o conheceram (e não conheceram...)

A peça de reportagem mais anedótica foi de um cidadão da aldeia onde Saramago nasceu que, perguntado pelo jornalista se o escritor contactava com a população da aldeia, referiu «ele quase nunca cá vem e nunca o vi...» Foi uma boa prova de jornalismo de «encher chouriços»!

José Saramago viveu paredes meias com a polémica. Desde as suas posições de extremo estalinismo, quando no Diário de Notícias fez a vida negra a muitos dos que se lhe opunham, passando pelas suas posições de ateísmo militante, não esquecendo o seu quase divórcio com a pátria que o viu nascer...

Quando estudamos literatura, colocamos a vida do escritor em paralelo com a sua obra, como forma de o situarmos e melhor compreendermos. José Saramago teve uma infância e vida difícil, em parte devido à sua oposição à ditadura e militância no Partido Comunista. Diz quem o conhece que não era uma pessoa fácil, mas deixou-se enclausurar num casulo ideológico, recusando as evidências que davam o comunismo que defendia como um modelo ultrapassado, ignorando que o Muro de Berlim tinha sido derrubado e a Russia tinha renegado o «seu» comunismo.

A sua obra, reconhecida em todo o mundo, não é fácil. Ou se gosta, ou não se gosta. Provavelmente, serei um daqueles que formam a excepção à regra. Por diversas vezes tentei ler alguma das suas obras, mas algo me fazia desistir pouco tempo depois. A excepção foi o «Evangelho Segundo Jesus Cristo», provavelmente a sua primeira obra polémica.

Encontrava-me em Coimbra, esperando o nascimento da minha primeira filha, quando resolvi que, para me ajudar a passar o tempo, iria comprar um livro. Fui à Bertrand e reparei nos escaparates que anunciavam a obra. Como qualquer leitor, peguei-lhe, sopesei-a e folheei um pouco, lendo algumas passagens. E gostei, verdadeiramente, o que me levou a comprá-la. E dei o dinheiro por bem empregue, visto que gostei genuinamente da sua escrita, enredo, construção frásica (não sou um dos críticos da «escrita sem pontuação»...)

Pensei: «é desta que vou ler Saramago». E tentei uma vez mais, novamente sem sucesso.

Quantos e quantos daqueles que agora lhe tecem loas não renegaram o seu exemplo e obra? Será que era assim um escritor tão unânime? Creio que não. Mas isso sou eu e só eu que penso.

A atribuição do Prémio Nobel é um facto mais do que suficiente para lhe serem prestadas homenagens consentâneas com o seu estatuto, mas mais uma vez, termino como comecei:

Somos mesmo um povo de exageros!!!

sábado, 19 de junho de 2010

Os programas da «moda»

Resolvi homenagear, tipo «2 em 1», os dois programas televisivos que estão na moda, num só video: «Achas Que Sabes Dançar?» e «Mundial de Futebol»!

Imagino a cara de terror de alguns «cat lovers», como o Hzolio, a Sónia...

sexta-feira, 18 de junho de 2010

As «grandiosas» Festas da Cidade...


O meu comentário:

Já nem falo no sítio onde as festas se irão realizar, demasiado exíguo para umas festas que se querem dignas e bonitas. Imagino o caos que se irá ter no dia 9, com José Cid. Calculo que, com alguma dificuldade, a maioria das pessoas conseguirá ver um bocadinho do chinó do homem...

Mas afinal o que é que custa arranjar um sítio (ou vários) com hipótese de espaço, para os pontessorenses poderem receber condignamente quem nos visita?

Calculei que, como se celebram os 25 anos de cidade, a edilidade conseguisse arranjar um cartaz mais de acordo com o impacto que umas «Festas da Cidade» sempre impõem. (E foi para «isto» que se acabaram as Festas de Agosto?)

Mas notem: gosto muito da Zona Ribeirinha! Acho uma zona agradabilíssima, embora pudesse ser melhor conservada, mas não podemos ter tudo. A zona de bar(es), então nem se fala. Um cantinho minúsculo que não dá para todos quando a sede aperta.

Creio ser a zona perfeita (sim, a zona perfeita) para os espectáculos do Festival Sete Sóis Sete Luas, geralmente pouco virados para o grande público. Mas para as Festas da Cidade?!

Rebusco no meu álbum de memórias e lembro-me do espaço que se conseguiu criar no antigo Largo da Feira, 1981, 82 por aí, com bastante espaço para expositores, bares e espectáculos, com um cartaz de fazer inveja a muitas festas em redor. Aquele ano em que se conseguiu juntar os Da Weasel (a darem os primeiros passos) e Emir Kusturica, então foi uma maravilha.

Com sorte, o Rancho da Casa do Povo de Ponte de Sor conseguirá «ressuscitar» uma vez mais, as Festas de Agosto, estas, sim, umas festas de cariz verdadeiramente popular e que desperta em todos nós um prazer e um espaço do ano que já foi nosso.

E só espero que as Festas do Crato não morram! Essas, sim, as maiores do Sul, quiçá de todo o país!
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Flash Mobs...


«Flash Mob» é mais um desses termos anglófilos que roem a cabeça dos puristas da língua portuguesa. O que me dá um prazer especial, pois acho que há coisas que nunca deveriam ser traduzidas. «What happens in English, stays in English!» O que é que querem?! Paranóias dos Deuses!

O «Flash Mob» é uma aglomeração de pessoas, espontânea ou não, para realizar uma determinada acção inusitada previamente combinada, geralmente de carácter artístico, dispersando-se as pessoas tão rapidamente quanto se reuniram.

O primeiro mob foi organizado em 2003 por um jornalista, Bill Wasik, que juntou cerca de 50 amigos, convocados por e-mail. Toda a história pode ser encontrada na página do escritor, a que ele deu o nome de The Mob Project.

Todas as pessoas que já presenciaram um (e há inúmeros exemplos nas páginas do YouTube) não conseguem ficar indiferentes, tal é o prazer de quem assiste. Os exemplos são imensos: o nosso país também tem muitos, lembrando-me de alguns gravados no Aeroporto de Lisboa ou no Centro Comercial Colombo, entre outros.

Este que ides ver chegou-me ao conhecimento há pouco: imaginem estarem num mercado e de repente começarem a ouvir a música de La Traviatta, acompanhada pelos cantores da Opera de Filadélfia!

Para aumentar o vosso deleite, imaginem que estáo lá!

quinta-feira, 17 de junho de 2010

No princípio era a lojinha de bairro...


...depois apareceram as primeiras mercearias e só depois os supermercados, espaçosos, iluminados e limpinhos. O passo seguinte foram os hipermercados e daí aos centros comerciais foi um passo. Mas a que se deve esta conversa comercial-económico-logista? Simples:

Há por aí uns zunzuns de que a nova moda na educação, os mega-agrupamentos estão aí a chegar! E Ponte de Sor não escapa à onda!

Por isso, não se admirem se, um dia destes, acordarmos, "juntinhos" à Escola Secundária, formando um hiper-mega-super-buereré-agrupamento!


Quando, há poucos anos, começaram a aparecer os primeiros agrupamentos, a nossa escola não foi logo «contemplada», mas não demorou muito. Como diz o povo, «demorou mas arrecadou». E nós sabemos que, quando estes primeiros ventos começam a aparecer pelos finais de um ano lectivo, de certeza que coisa boa não está para vir. Recebi há pouco um mail onde se refere um poste do ProfBlog, a propósito da criação dos mega-agrupamentos (desculpem lá, mas com o novo acordo ortográfico não sei se leva o hífen ou não!)

Reza assim:


O processo de criação dos mega-agrupamentos segue a bom ritmo e deve estar concluído até Dezembro de 2010. O processo é relativamente simples e não conta com a oposição dos professores. Muitos professores olham com regozijo para os mega-agrupamentos. Explicarei as razões no final do post.

O processo começou com conversações entre responsáveis da DRE, autarcas e directores. Segue-se a nomeação pela DRE de uma Comissão Administrativa Provisória. A CAP tem a missão de conduzir o processo a bom porto: fazer eleições para um Conselho Geral representativo de todas as unidades de ensino integradas no mega-agrupamento. Por último, o Conselho Geral elege o director do mega-agrupamento. Logo que o director tome posse, nomeia um subdirector e três adjuntos. Por regra, escolhe os adjuntos de forma a que todos os níveis de ensino fiquem representados na direcção do mega-agrupamento.

Está previsto que as escolas secundárias não integradas venham a ser as sedes dos mega-agrupamentos verticais. Logo aí, haverá uma poupança significativa em suplementos de direcção e em reduções de cargas horárias lectivas. Essa concentração provoca, por si só, uma redução da despesa pública não despicienda. Esse facto fará com que a medida tenha a concordância do PSD e do CDS. Será um processo, portanto, com futuro assegurado.

Mas tem também o apoio dos professores. Vou explicar:

Com a aplicação do Decreto-Lei 75/2008, registou-se um corte afectivo entre directores e professores. Os conselhos gerais representam mais os grupos de interesse exteriores à escola do que os docentes. E o director passou a ser visto como um representante local da administração educativa. Os professores detestam mais os directores do que o director regional da educação e mais este do que os secretários de estado ou a ministra da educação. Quem está mais próximo a exercer um poder que não é reconhecido como legítimo pelos professores é sempre o mais mal amado.

Para muitos professores é mais cómodo lidar com um director que está afastado geograficamente dos espaços físicos onde os professores trabalham. É isso que acontece com os professores que trabalham em unidades de ensino que estão geograficamente fora da sede do agrupamento.

Por outro lado, muitos professores olham para a perda de mandatos dos directores e adjuntos como uma vingança merecida. Colocaram-se contra os professores e agora têm o que merecem. É isso que muitos professores pensam. E é por isso que não levantarão um dedo contra a criação dos mega-agrupamentos.

Ramiro Marques, in ProfBlog

Contaram-me que... Será?!

A Minha Homenagem a Nelson Mandela


INVICTUS

Out of the night that covers me,
Black as the Pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.

In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.

Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds and shall find me unafraid.

It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll
I am the master of my fate:
I am the captain of my soul.

William Ernest Henley

(Da noite que me cobre,
Negra como um poço de alto abaixo,
Agradeço quaisquer Deuses que existam
Pela minha alma inconquistável.

Na garra cruel da circunstância
Eu não recuei nem gritei.
Sob os golpes do acaso
Minha cabeça está sangrenta, mas erecta.

Além deste lugar de fúria e lágrimas
Só o eminente horror matizado,
E contudo a ameaça dos anos
Encontra e encontrar-me-á, sem temor.

Não importa a estreiteza do portão,
Quão cheio de castigos o pergaminho,
Sou o dono do meu destino:
Sou o capitão da minha alma.)

Tradução de Luis Eusébio

terça-feira, 15 de junho de 2010

«Se é Bom Observador...»

...era um passatempo muito conhecido no já extinto «Diário Popular». Consistia em descobrirmos as sete diferenças entre dois desenhos, que estavam frequentemente bem escondidas. Frequentemente, o jornal promovia concursos a nível nacional, com prémios bem deliciosos. Posso dizer-vos que um membro da minha família, dotado de «bom olho», ganhou uma máquina de lavar roupa!

Este desafio que vos faço é bastante mais fácil. Aproveitei um exercício/desafio lançado pelo jornal «i» e resolvi aqui partilhá-lo convosco.

É, nem mais, nem menos, comparar os antigos exames da 4ª classe de 1943 e as actuais provas de aferição do 4º ano, realizadas no mês passado.

Não pretendo demonstrar nada, apenas se trata de um exercício académico, com algo de nostálgico e engraçado. Eu, pelo menos, fartei-me de rir!

Para verem as provas de 1943 no tamanho total, cliquem na imagem para fazerem o download do documento.

(Uma dica do Papagaio: Como vão ver o documento pdf «deitado», experimentem fazer Ctrl+Shift+0 (zero), que ele roda no sentido dos ponteiros do relógio e fica mais legível)

port1943

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Para compararem, experimentem ver as Provas de Aferição de 2010 de Português e Matemática.


Divirtam-se!

sexta-feira, 11 de junho de 2010

10 de Junho, Dia de Portugal…


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O 10 de Junho é, de há muitos anos a esta parte, um feriado cuja comemoração o tem tornado cada vez mais cinzentão. Pobre do Camões, pobres das Comunidades Portuguesas, que não o mereciam.

Todas as celebrações que se colocam nas mãos dos políticos tornaram-se em clones umas das outras: basta verem no que se tornou o 25 de Abril, data essencial na história portuguesa. Enquanto os políticos e governantes do nosso país não viram aquilo transformado num outro 10 de Junho, não descansaram.

Eles são os discursos, chatos como o caraças, todos iguais uns aos outros, ano após ano. É um verdadeiro exercício de busca e localização tentar ver as diferenças. E é todos os anos a mesma coisa: após os discursos e os apupos ao nosso primeiro (possivelmente a melhor parte das celebrações), lá vêm as condecorações. E para estas tem que haver sempre umas a título póstumo, para darem um ar mais… digamos, unânime, pois dos mortos ninguém diz mal.

E como corolário, lá vem o desfile militar das tropas em parada, sempre com um ar marcial e mauzão, como quem diz «connosco ninguém se mete!». Vá lá que este ano resolveram inovar: a inclusão dos antigos combatentes deram uma verdadeira lufada de ar fresco.

Há quase um mês, no dia 17 de Maio, tive a felicidade de, em virtude das ligações aéreas estarem um bocado atafulhadas (o vulcão, lembram-se?) passar um dia na cidade de Oslo, na Noruega. E dia 17 era, nem mais, nem menos, o dia nacional da Noruega.

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Levantámo-nos cedo e. logo pela manhãzinha, foi ver um corropio constante de gente que, nos seus melhores fatos regionais, passeavam pelas ruas de Oslo. Pelas ruas da cidade era fácil encontrar automóveis antigos, carroças, motas antigas, tudo com um ar impecável, engalanados com a bandeira da Noruega.

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Esse dia 17 era o culminar duma semana de comemorações, com inúmeros espectáculos musicais em praticamente todos os jardins e parques do país. As estátuas dos heróis nacionais estavam engalanadas com coroas de flores e todas as pessoas passeavam com as suas famílias, numa manifestação de orgulho nacional.

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A manhã da celebração do dia nacional teve o seu culminar com o «Desfile das Crianças», onde todas as crianças das escolas de Oslo e da região percorreram uma das maiores avenidas de Oslo até ao Palácio Real, onde o Rei e restante Família Real cumprimentaram todas a população. Disto, tenho a certeza que a Toutinegra Escarlate iria gostar!!!


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Muito mais iniciativas tiveram lugar, mas este final de manhã foi algo fresco e inovador para nós, portugueses, que não estávamos habituados a celebrações assim tão pacíficas, tão pouco bélicas. Aliás, a única vez que vimos o exército foi na pessoa das chefias que também integravam o desfile. Ah, e vimos também aquilo que me pareceu ser a orquestra do exército.

Quanto eu não daria para podermos demonstrar o nosso amor pátrio sem armas, sem discursos bacocos e bafientos, cheios de palavras, como diria Shakespeare:

«…Told by an idiot, full of sound and fury, Signifying nothing.»

(…ditas por um idiota, cheias de som e fúria, não significando nada)

Precisamos de cor.

Precisamos de luz.

Precisamos de orgulho de sermos como somos.

Precisamos do verdadeiro amor pátrio.

E não creio que sejam os políticos as pessoas mais correctas para nos falarem em

honra,

orgulho,

decência,

democracia.

Não os nossos políticos. Que roubam gravadores para esconderem as suas palavras. Que enganam o povo, constantemente. Que são corruptos mas que se safam sempre. Que criam fundações para proveito próprio. Que aceitam subornos. Ou pequenas oferendas, para não ofender os mais sensíveis.

Não precisamos desta gente. Urge repensarmos aquilo que queremos ser: se um povo que segue, alarvemente tecendo loas a quem nos guia para um precipício, quais ratos seguindo o flautista que nos encanta com contos dum livro que ele escreveu, cheio de mentiras e falsidades, se um povo que diz «é por aqui que quero ir». Ou, pelo menos, que saiba dizer «só sei que não vou por aí!»

E preparem-se: vem aí a comemoração doa 100 anos da República: que celebrações magníficas nos esperam? Um mastro de bandeira de 1 milhão de euros?

Para este peditório já eu dei!

henrique

quinta-feira, 10 de junho de 2010

in «Jornal de Notícias», hoje:

00:24
«Foi um herói para perder a vida assim»

Mãe do manobrador da REFER lamenta a vida "dura" da prole. Familiares dos irmãos idosos inconformados

Veste-se de preto há tempo demais, tantas têm sido as perdas. Aos 63 anos, Conceição Alves chora a morte de mais um filho. "O que eu passei para os criar e vê-los agora partir assim.... é muito doloroso... custa muito aguentar".

Conceição olha as últimas fotografias tiradas por Fernando, o filho do meio. O mais velho "foi assassinado aos 26 anos", agora Fernando, 37 anos, morreu debaixo de um comboio. "Foi um herói para perder a vida assim, deste jeito" diz em jeito de pedido de desculpa.

Sem tirar os olhos das fotografias, Conceição revela que ficou viúva aos 37 anos. O marido, também ele trabalhava para a CP no Entroncamento, perdeu a vida num acidente às portas de casa, em Fazenda, freguesia de Ponte de Sor. Criou os três filhos rapazes sozinha. "O que eu passei para os criar.... nem imagina", vai dizendo, enquanto passa as mãos pela fotografia de Fernando. "Esta foi tirada no dia do casamento dele", conta.

Apesar da dor, Conceição acede a conversar mais um pouco. Vive com o filho mais novo, a nora e dois netos. "São a alegria desta casa", assegura, revelando que Fernando também tem dois filhos, a Beatriz, de 5 anos, e o João Pedro, de 9 anos. "São muitos agarrados ao pai e o pai tinha uma verdadeira loucura pelos filhos".

As lágrimas voltam a cair e Conceição diz que os dois netos vão ser acompanhados por psicólogos da REFER. "A Psicóloga telefonou à mãe e disse-lhe que ela tinha de contar o que aconteceu ao pai e os filhos é que decidiam se queriam ou não ir ao funeral", conta, adiantando que "a psicóloga disse que só podia vir cá a casa na próxima terça-feira".

Fernando Matos trabalhava há mais de 15 anos na REFER. Ontem, terminava o turno às 13 horas e regressava a casa, em Barroqueira, Ponte de Sor, para descansar. Entraria novamente ao serviço à meia-noite.

No Pátio do João da Luz, nos Riachos, a família de Olga e António vai começando a chegar ao final da manhã. Irmãos, primos, sobrinhos choram inconformados a perda dos idosos. "Eles iam a Lisboa ter com os filhos da Olga", revela uma vizinha, adiantando que os dois irmãos viviam ali sozinhos "há muito tempo" e, apesar da família "ser grande", os vizinhos acabavam por ser a companhia dos irmãos.

Olga e António deslocavam-se uma vez por mês a Lisboa, "para ir dar a reforma aos três filhos que vivem lá", diz uma moradora.

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quarta-feira, 9 de junho de 2010

Gaita!! Já chega!!!

Tenho medo que as pessoas pensem que O Papagaio Daltónico se tenha transformado numa espécie de página de necrologia. mas o que é verdade é que, um dia depois de irmos enterrar o Bruno, fomos todos abalados por mais um acidente, inesperado e estúpido (como inesperados e estúpidos os acidentes sabem ser):

Foi primeira página nos noticiários da hora de almoço, o atropelamento de três pessoas na estação de Riachos, pelo Sud expresse que se dirigia para paris. O resultado foi implacável: 3 mortos (mais uma vez, 3 mortos).



Dois idosos atravessavam a linha, não se apercebendo que o comboio se aproximava a cerca de 160 km por hora. Um funcionário da Refer, apercebendo-se do desastre eminente, correu em direcção dos idosos, mas acabou por escorregar, sendo também ele colhido pelo comboio.

A notícia correu assim, fria e despida de mais pormenores. Mas a certa altura o nome de Ponte de Sor ouviu-se:

- O quê? - e claro que os sentidos se apuraram. O funcionário da Refer era natural de Ponte de Sor!

A partir desta altura todos os pontessorenses sentiram o acidente como se fosse de alguém da nossa família. Seguiu-se mais busca de pormenores e a realidade surgia, nua e crua: o funcionário colhido pelo comboio e natural de Ponte de Sor chamava-se Fernando Matos!

E lembrei-me do Fernando, foi meu aluno há uns anos atrás! E a sua história cruza-se comigo uma vez mais, pois conheci o Fernando ainda ele era um petiz, ainda antes de ser meu aluno.

O seu irmão foi, provavelmente, o meu primeiro aluno 'difícil', no meu segundo ano de docência. O Jeremias (assim se chamava o irmão) fez parte da minha primeira direcção de turma, corria o ano de 82 ou 83. Era um aluno difícil, temperamento rebelde, agravado pela morte do pai pouco tempo antes. As atitudes de indisciplina acumulavam-se e, um dia, já sem paciência, ordenei-lhe (nesta época ainda se 'ordenava' aos alunos...) que ficasse na sala depois dos restantes alunos da turma saírem. Assim fez e tentei-lhe, na minha inexperiência, chamá-lo à atenção das suas atitudes, a que ele me respondia com algum desprezo, tentando-me e desafiando-me. Resolvi jogar mais duro e ser mais assertivo: chamei-lhe a atenção que, com a perda do pai, ele era o 'homem' da casa, que o irmão, o Fernando, precisava dele, assim como a mãe... Então notei uma mudança da sua atitude: ficou sério e, não sei como, abraçou-se a mim, a chorar... falando das saudades do pai! E foi naquele momento que 'ganhei' o Jeremias! Não que ele tivesse mudado completamente a sua maneira de ser, mas que houve uma melhoria, lá isso sim.

Um dia tive necessidade de chamar a mãe, por causa de mais uma das «habilidades» do Jeremias. E a senhora lá chegou, com uma criança pela mão. Era o Fernando, 3 ou 4 anos de gente, que logo me conquistou, chamando «senhor professor» por tudo e por nada, assim um pouco espanholado...

O Jeremias teve um fim triste. Não completou os estudos, abandonou a escola cedo. Esteve na Força Aérea e, cada vez que vinha a Ponte de Sor e me via, atravessava a estrada, cumprimentando-me duma maneira que todos em redor não deixavam de reparar. Era assim o Jeremias! Como mais tarde seria o Fernando!

Devido ao seu porte atlético, Jeremias foi contratado por alguns bares de alterne e «boites» como guarda costas das 'meninas'. Lembro-me que, na última vez que o vi, me confidenciou que estava a pensar em deixar aquela vida, que era muito suja e perigosa... Um ou dois meses depois, a notícia chegou, cruel, célere e fria: havia suspeitas de que tinha sido assassinado, mas o corpo não aparecia. As suspeitas eram mais que muitas, mas as buscas foram infrutíferas. Até que se encontrou um cadáver num monte de lixo, mas ao qual faltava a cabeça! Testes foram feitos e muitos anos se passaram até que foi feito o funeral ao Jeremias. Mas segundo sei, a situação do seu assassinato ainda não está resolvido. Enfim, Justiça «à la portugaise»!!!

O Fernando apareceu na escola, alguns anos depois do nosso primeiro encontro. Aluno também um pouco rebelde, mas mais facilmente... «domável» do que o Jeremias. Não foi um aluno brilhante, longe disso, mas cumpria minimamente com o que se lhe pedia. Também era mais brincalhão do que o Jeremias.

E agora o Fernando! Que mais dizer? Que mais imaginar? A mágoa duma mãe que perdeu dois filhos daquela maneira? Da esposa do Fernando? Dos seus dois filhos?

Se Deus existe, devo dizer que tem andado um bocado distraído!

terça-feira, 8 de junho de 2010

De Vuvuzelas e outros instrumentos de tortura


Lá fomos novamente colonizados. A vuvuzela só foi mais um prego no caixão do nosso 'lusitanismo'. Após a escolha do «filingue» daqueles moços (e moça, bem jeitosa por sinal!) lá das estranjas, esta da vuvuzela não lembrava ao mais pintado!

E quem patrocina este maravilhoso instrumento? A portuguesíssima Galp, empresa com capitais nossos, que se entretém a sacar muitos euritos dos nossos bolsos.

Pois, em vez de baixarem o preço da «gasosa», tomem lá a vuvuzela, que enquanto sopram, não refilam!

Sinceramente, já não tenho pachorra!

Adoro futebol, sabem? Mas mesmo o futebol. O jogo. E detesto todos os jogos florais à volta da bola.


Já não há pachorra

para os Black Eyed Peas,

para o «Feeling» do Queirós,

para o Malato, Baião e quejandos,

para as vuvuzelas,

para o Tony Carreira,

para as inúúúúúúúúúúmeras horas das nossas TVs sobre o dia a dia da selecção,

para o Cristiano Ronaldo,

para as bolinhas do Modelo,

quantas vezes o Veloso penteia o cabelo,

quantas idas ao WC tem o Eduardo...

Estou farto deles... ad nauseum!

JÁ NÃO HÁ PACHORRA!

(e eu até gosto de futebol!)

Felizmente a bola começa a rolar a sério na sexta feira!

(quanto à nossa selecção... hum, não sei, mas não me cheira!)

domingo, 6 de junho de 2010

Da Vida e da Morte...

Ui.... Hoje estamos macambúzios ou quê?

Pois é, depois de esperar por estes diazinhos, espécie de fim de semana 'king size', as coisas não podiam começar pior.

Logo na Quinta, uma notícia que se estava à espera mas que nunca se espera: o João Coelho, após uma luta desigual com aquela doença estúpida e fatal chamada cancro, desistiu de lutar e descansou, finalmente. Após sofrer tanto tempo... Faz-nos desejar sermos assim um pouco máquinas, um pouco cibernéticos, com uns botões que se pudessem desligar...

E lá fomos, após umas permutas na escola, aproveitar estes dias. Coimbra foi o destino. E lá chegados, pudemos então descansar um pouco.

Ontem tomei conhecimento de (infelizmente) mais um daqueles acidentes estúpidos, sem sentido, que nos abalam por dentro... Três mortos, avó, mãe e filho. O Bruno Coelho, 14 anos e aluno do 8º ano da nossa escola... Tanto para viver, toda a vida pela frente... «Ars Longa, Vita Brevis». Ou «A Vida É Curta»; como diria a nossa juventude, «A Vida É Bué De Curta»!

E com algum cinismo, poderíamos pensar que em todo este caso há subjacente uma auréola de... digamos, sentido poético. Porquê? Toda a família ia visitar o avô ao hospital, que se encontrava às portas da morte... e acabaram por fazer a 'viagem' primeiro que ele! Que acabou por morrer mais tarde!

Hoje, domingo, fizemos o caminho de regresso para Ponte de Sor. Sempre a pensar neste e noutros casos da nossa vida.

E eis-me que, perto do Vale de Cortiças, uma besta... perdão, uma Besta... ou melhor dizendo, uma Grande Besta, jovem, imberbe e inconsciente, conduzindo, na direcção de Abrantes o seu reluzente BMW cinzento, achando que poderia ultrapassar quando, como e quem quisesse... E aparece-me, em alta velocidade, ultrapassando três de enfiada, mesmo à frente!

Não sei como foi que se passou, não sei como fazemos certas coisas... por instinto, talvez?

E interrogo-me por que razão a juventude insiste em fazer da estupidez um modo de vida?

Valerá a pena?

terça-feira, 1 de junho de 2010

A Escola na Noruega (1)

"As escolas, fazendo que os homens se tornem verdadeiramente humanos, são sem dúvida as oficinas da humanidade." (Comenius)

Comenius é a adaptação latina do nome de Jan Amos Komensky, professor e cientista checo que viveu nos séculos XVI-XVII. Comenius (vamos chamar-lhe assim) é considerado por muitos como o fundador da Didáctica moderna, cujas premissas se baseavam no seguinte:

  • Uma educação realista e permanente;
  • Um método pedagógico rápido, económico e sem fadiga;
  • Um ensinamento a partir de experiências quotidianas;
  • Um conhecimento de todas as ciências e de todas as artes;
  • Um ensino unificado.

Lembrei-me muito de Comenius aquando da minha visita ao 'País Onde A Noite Tira Férias Nesta Época Do Ano': a Noruega. Por vários motivos, um dos quais se deve ao programa da Comunidade Europeia que leva o seu nome e que permite a professores e alunos, visitar outras realidades diferentes.

E como é diferente o ensino na Noruega!


A Escola

A escola que visitámos, a Vikstranda Skole, em Vangsvik, é uma escola com vários ciclos de ensino, indo do 1º ano (1. klasse) até ao 10º. Já aqui falei dela, mas agora gostaria de referir alguns pormenores, comparando-a com a realidade que me é mais próxima: a Escola João Pedro de Andrade, com 2º e 3º ciclos (transitoriamente tambem com duas turmas de 1º).

A Vikstranda é um edifício com cerca de 40 anos. Está situada na entrada de Vangsvik, rodeada por bosques e montanhas, o que lhe confere uma aparência muito bela no Inverno, com os campos completamente cobertos por neve. Tem um campo de futebol exterior, um campo de futebol de 5 e uma piscina interior aquecida. Possui inúmeras oficinas de culinária, trabalhos manuais, carpintaria e outros ateliers onde os alunos experimentam as mais diversas facetas do conhecimento.


Alunos e Docentes

Tem 135 alunos, distribuídos pelos seus 10 níveis. O seu corpo docente é formado por 20 professores, nos quais se incluem o Director e um outro professor com o título de «Inspektor», que é muito diferente do conceito que temos de um inspector. Este tem como função zelar por tudo aquilo que diz respeito ao normal funcionamento da escola. Ou seja, circulação nos edifícios, bem estar dos alunos e docentes, eventuais situações de indisciplina (não vimos nenhuma enquanto por lá andámos!)…

Os restantes docentes asseguram as aulas das diversas disciplinas, trabalhando frequentemente com diversas disciplinas. No que diz respeito àqueles que mais de perto lidaram connosco, leccionam Inglês, Norueguês e Educação Moral, que é um pouco diferente do conceito da nossa Religião e Moral. Esta Educação Moral trata das diversas crenças religiosas e filosóficas, numa perspectiva de conhecimento. Também trata de áreas relacionadas com Educação Cívica, Prevenção Rodoviária, Primeiros Socorros…

No seu horário estão destinadas funções de «inspeksjon», ou seja, auxílio ao Inspector para manter a escola a funcionar em pleno, sem alunos a «laurearem a pevide» pelos corredores, a prejudicar quem quer trabalhar (mas onde é que eu já vi isto?). Como a escola tem um relevo muito diverso, há docentes que asseguram os corredores, outros o espaço exterior da escola, outros sítios igualmente sensíveis, como perto da água, etc.

Mas não vos quero transmitir a ideia de que a escola parece uma instalação militar... Os professores desempenham esta tarefa sem se dar por isso. E não nos devemos esquecer que a escola tem crianças dos 6 aos 16 anos.


O Director

A função do Director daquela escola ultrapassa em muito a função do Director nas escolas portuguesas. Assim, no caso de um professor faltar, é ele o primeiro a avançar para a substituição do docente faltoso. Já imaginaram isso acontecer cá para as nossas bandas? Perguntei-lhe o que ele pensava do caso, explicando-lhe as ‘particularidades’ das nossa substituições (ficou de cara à banda!). E para minha surpresa (ou talvez não), o Director, Ulf Fredriksen referiu que era muito importante para si poder substituir qualquer docente faltoso, visto que lhe permitia manter contacto com as aulas e com os alunos, não se verificando qualquer ‘divórcio’ com a realidade. Aí, valente!

Quanto ao seu trabalho, referiu que ele é o responsável máximo da escola, assegurando-se de que nada falte aos seus docentes. A função destes é o principal a seguir.

E sabem que mais? Esta deixou-me de boca aberta:

Se um professor (que não o Director) avançar para uma substituição, recebe mais 100%! Isso mesmo: recebe uma hora extraordinária! Soa-vos familiar?


Turmas

As turmas são pequenas, em virtude de não haver muitos alunos. Mas mesmo nas restantes salas, o número máximo de alunos anda à volta dos 20 alunos. Ali, na Vikstranda, o número maior de alunos era de 17! E era uma turma grande!

Admirei-me imenso quando vi que, na sala de muitas turmas, os alunos não estavam todos presentes. A razão? Muito simples. Há sempre um grupo de alunos (rotativo) que, em determinadas tardes se apresentam em Vangsvik, onde são distribuídos por diversas lojas, escritórios e repartições. assim, todos os alunos experimentam uma tarde no consultório do dentista, outra no talho, outra nos correios... Devo referir que, na entrevista que nos foi feita, a «jornalista» era uma aluna de cerca de 16 anos, que se encontrava naquela semana a prestar trabalho no jornal local! E que tal para ensino vocacional?